segunda-feira, 9 de junho de 2014

Despretensão

Não há intenção de se ter bons textos.
Boas formas, palavras finas, rimas ricas, não há.

Temos aqui, o que temos cá.

Um devaneio, uma falta de ar, um diálogo fluido, um descaminhar, um passo apressado, um pensamento voado, um tic tac, um embaralhar.

Intenção, intenção... não há.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Outroisas

Uma retrospectiva, por favor.

Esqueci de você e não foi a primeira vez que lhe disse isso. Mas também me esqueci de mim e você não me cobrou. Melhor, vocês não me cobraram.

Esqueci de como é olhar para essa tela branca na penumbra da noite, iluminado apenas pela luz no notebook e ao vento de um ventilador 'não-concordativo'. 

Esqueci de você que olha para essa tela branca na penumbra da noite, iluminado pela luminária dobrável preta-escritório e à brisa de um ar condicionado concordativo.

Esqueci de você tela branca, que ganha forma com a rebeldia dos dedos e cavalgar de um jovem desorientado.

Esquecer é preencher-se com outrem. Nesse caso, com outroisas. Essas, borbulhantes querendo sair, querendo sair, querendo forma, tinta e papel.

Fico devendo legenda 

domingo, 30 de junho de 2013

Dualidade sonora

Fulano anda muito música hoje.

Se existe uma força transformadora de atmosferas, ela poderia ter sua origem na música. Impressionado fico quando escuto músicas instrumentais e a capacidade que chegam a ser tocantes. Aliás, música é uma palavra ótima para definir pessoas.

Everyday I'm Sufflin'
Já tive a oportunidade de viver de hotel, acompanhado de música. Era ela, a principal transformadora dos meus poucos metros quadrados. Não existe vida mais linear do que em um hotel.

Ah, se eu tivesse o dom de compor minha próprias melodias e que tocassem automaticamente em minha cachola quando quisesse, os dias seriam mais compassados. Trilha sonora preenche espaços vazios, sai da tela e chega até você, não é atoa que é motivo de premiações, leva em cada segundo, uma tonelada de vibrações mecânicas na forma de emoção. Dá cor, tom e sabor.

domingo, 16 de junho de 2013

Sagrada Dominguera

É engraçado o efeito do desse dia tão querido, esse senhor das trevas semanal. É um embalo que gera sempre os mesmos burburinhos.

Ano passado escrevi um texto sobre ele. Não me recordo agora se estava metafórico pois estou escrevendo este texto no meu recém caderno de textos e quando passar para a tela verifico. [Mentira, não verifiquei e como deu um trabalho danado para filtrá-lo no blog segue o link para quem interessar: Os Corredores Semanais.]

Como ia dizendo, é engraçado... O domingo tem um peso diferente dos outros dias. Muito podem dizer que eu estou falando loucura, se esses trabalharam em jornada 6x2 tão liberados, já os demais que tem rotina tradicional, de segunda a sexta, alguns sábados, não! O domingo é a cara de que o final de semana já deu.

Se considerarmos que ele começa na sexta, ou para alguns na quinta, o domingo é nosso terceiro dia. Uma altura em que não temos mais lugares para ir, dinheiro e com quem ir. Sem falar na questão do fôlego.

Laid-back polar style
Domingo é domingo e sempre será. Talvez faça sentido ser o primeiro dia da semana e deixar a vice-liderança com a segunda-feira que também tem lá seus pentelhos.

Acontece que a diferença mora no como. No domingo o afalho é conosco, é em casa, é individual. Ressaca de todas as suas faces sobre nossos corpos e mente. Soma-se a isso uma paz ou diria abandono nas ruas que nos cria um estado de reclusão. Onde está todo mundo? Evacuaram a cidade e não me avisaram? E a TV então? Não entrarei nesse mérito.

Isso toma conta e atinge uma boa parte da população. As pessoas se esquecem no domingo e tem justificativa para tal. Ser triste no domingo já tem alvará. Tristeza de domingo tem alvará liberado. Eu pouco me importaria se me incluíssem na massa. Acontece que eu brinco de domingo somente depois das 18:00 quando ele me domina de vez. Daí já viu, vou de contra maré no mau humor das pessoas.

Repito, as pessoas se esquecem de quem foram no domingo, como se precisassem de um dia para processar todas informações do final de semana. É uma ruptura brusca no desenrolar da coisas. Quando envolve sentimento, mesmo durado até altas horas do dia anterior, só volta a aparecer lá pela quarta-feira. Trabalho já é fica com a segunda, obrigatoriamente.

É um dia engraçado, comece a reparar. Se tem uma coisas que não altera nem no domingo é mãe, mas isso já é outra história.

Boa semana!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Acróstico

É fim de expediente e ...

M* chega em casa cansado, liga a tv, notebook, abre a janela e vai direto pra cozinha.

A* volta do supermercado e se engarrafa. Jogo de cena. Liga o som.

L* enfrenta uma hora e meia de conexão, lendo notícias em seu tablet.

Três são, e três vão ao outro mundo. O mundo na ponta dos dedos, cheio dos amigos, e seguem daí em seus afazeres. Um olho no gato outro no peixe.

Uma análise à uma passo de distância fica muito mais fácil. Todos em zoom out! Acontece que as vezes temos limitações de espaço, um muro em nossas costas que impossibilita de nos afastar e a história triangular pode se modificar.

M* chega do trabalho, rouba um lanche na geladeira, senta na poltrona e barra de rolagem come solta. Desce-sobe, desce-sobe, essa é sua ginástica em vão.

A* cercada de buzinas e stress, tem os dedos sambando no smartphone. Desliza sobre a película de proteção. Toc toc, volta. Duplo toc, Toc, volta, toc ... para.

L* em última chamada pro portão 3. Aproveitou o wifi até o final. Encerra o aplicativo e segue contemplativo pelo duto em um último relance no tablet antes do total apagão.


Friamente, a cor verde não significa muito, na verdade não significa nada ao olhos próximos. Estão aptos e disponíveis para conversar consigo mesmos.